
O diretor do Banco Central da República Argentina (BCRA), Federico Furiase, esclareceu nesta terça-feira (2/9) os motivos que levaram o governo a intervir no mercado de câmbio diante da recente volatilidade do dólar. Em entrevista à TV, negou que a medida represente uma mudança brusca de rumo na política econômica.
Segundo Furiase, o esquema de bandas cambiais segue inalterado, com atuação do BCRA apenas nos limites inferior e superior. "O que ocorreu foi uma situação pontual para prover liquidez de dólares e garantir o bom funcionamento do mercado de câmbio", afirmou, destacando que a operação foi coordenada com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O diretor também atribuiu a decisão ao "ruído político" típico do período eleitoral, que, segundo ele, tem gerado movimentos especulativos e elevação do dólar com baixo volume de operações.
Em resposta às críticas, Furiase descartou mudanças estruturais no sistema de bandas ou no plano econômico, reforçando que se trata da primeira intervenção efetiva no câmbio. Ele ressaltou ainda que, no último ano, o governo conseguiu reduzir a inflação a cerca de 2% mensal, com crescimento econômico de 6% interanual, resultado que, segundo ele, demonstra a consistência do programa de estabilização.
Nos últimos dias, o aumento da demanda por dólares levou a cotação da moeda próxima ao teto da banda estabelecida pelo governo em 1.467 pesos por dólar, limite a partir do qual o Banco Central pode intervir no mercado.
Até então, o governo vinha elevando a taxa de juros de referência do país numa tentativa de contar a alta do dólar, mas a estratégia não se mostrou suficiente.
Após um dia de fraco volume de negócios na segunda-feira, por causa do feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, o peso caiu mais de 2% frente ao dólar nesta terça-feira, em relação à cotação de fechamento da semana passada.
A cotação, que chegou a se aproximar de 1.400 pesos por dólar, situou-se nesta terça-feira em 1.375 pesos por dólar após o anúncio, uma queda de cerca de 1%.
O secretário de Finanças, Pablo Quirno, anunciou que a partir deste mês o Tesoro utilizará seus dólares para intervir câmbio e controlar a cotação da divisa.
Com informações de La Nación