Uma "revolta da classe média". Ou seja, uma alteração, mudança, dissensão, tumulto. Inclusive uma mudança. É assim que a Real Academia Espanhola define "revolta". E é assim que um dos mais importantes editores do Wall Street Journal preferiu sintetizar o que acontece a essas horas na Argentina. Em inglês, claro.

O quadro macroeconômico é familiar. A descrição da pintura também. O WSJ fala sobre o colapso do "socialismo peronista" nas mãos da realidade econômica, em uma história que também inclui, paradoxalmente, o ex-presidente Mauricio Macri e seu partido de "centro-direita" que se abriga sob a simpática sigla de TFC, ou seja , 'Together For Change'.

Claro, o fato a se levar em conta é que, para o WSJ, o governo e a oposição parecem estar perdendo a possibilidade de habitar a Casa Rosada a partir de 10 de dezembro pelas mãos do candidato do La Libertad Avanza, Javier Milei, patrocinado pela "revolta da classe média". A equação descrita não é original: "nada pior para a classe média do que a inflação, pois ela inibe e afasta a prosperidade". Para o WSJ, esta é a explicação para o nascimento e o apogeu de Javier Milei, "um outsider que promete fechar o banco central e substituir o peso pelo dólar".

A casta e o terremoto

Nessa linha, o artigo menciona outra coisa, quase um denominador comum nos relatórios econômicos do momento. Ele aponta que ainda é uma questão de como Milei fará no caso de ganhar a presidência para resolver os problemas, muitos, numerosíssimos, que a Argentina enfrenta, com tão poucos legisladores no Congresso. Claro: deixa claro que nada, ao que tudo indica, impedirá a vocação de libertar a classe média da "casta" ou do status quo.

Ligado a este último, acrescentamos duas referências: a do Financial Times que fala do "terremoto-Milei" e a do banco Goldman Sachs, que se referiu nas últimas horas à desvalorização do BCRA e ao aumento dos juros classifica como um "adesivo esparadrapo", isto é, um band-aid ou algo parecido.

Epstein, Rodríguez e Fernández

Nesse centro de gravidade que parece ser os Estados Unidos para Milei, surge a seguinte mensagem: "bem-vindo ao dream team, viva a liberdade, caralho".

No último dia 5 de junho, via Twitter (agora, X), Javier Milei deu as boas-vindas à chegada do economista Darío Epstein ao seu time, ou seja, o time dos sonhos. Naquela ocasião, o leão de Abasto pôs em copia o eminente economista Carlos Rodríguez e o ex-ministro Roque Fernández, dois membros da trupe mileista, embora com esclarecimentos ao fundo que serão dados em outra ocasião.

Visitando Wall Street

Os dados das últimas horas são de que os contatos da irmandade libertária com os Estados Unidos estão crescendo. Por um lado, Epstein viajará para os Estados Unidos na próxima semana. Por outro lado, o próprio Milei afirmou durante estas horas que mantém conversações com o FMI.

Conforme soube o jornal Ámbito, Epstein vai pisar em Wall Street onde o esperam reuniões de vários calibres, não só com as principais equipes de research dos principais bancos de investimento, mas também com think tanks que o economista conhece bem. Formado pela Universidade de Buenos Aires (UBA), Epstein possui MBA pela Universidade de Michigan. É diretor da empresa Research for Traders, que se dedica à assessoria financeira e de mercado. Na cidade seu nome é familiar, pois no alvorecer da era Menem foi diretor da Comissão Nacional de Valores (CNV). Outro dado que é vital: nesses anos, participou do processo de privatização de empresas do setor siderúrgico, Entel, Gas del Estado, Telecom e YPF.

Minha amiga Kristalina e minha irmã Karina

Por outro lado, sempre a falar do FMI, nas últimas horas foi o próprio Milei, que sustentou que a organização tinha contatado a sua irmã, Karina, ou seja, "a patroa", depois das eleições, para marcar um encontro. O economista disse isso em uma entrevista de rádio. "Eles entraram em contato com minha irmã para fazer uma reunião, estamos vendo como lidar com isso", disse Milei, que acrescentou que "o Fundo oferece um número de contribuinte e como você consegue é problema seu". Ele também disse que "historicamente, os ajustes recaíram sobre o setor privado. Aqueles de nós que pagaram o preço pelas desavenças dos políticos foram os produtores de riqueza".

Vale lembrar que os telefonemas do FMI para Milei ocorrem poucos dias antes da reunião marcada pela diretoria executiva da agência para discutir o acordo técnico firmado entre os funcionários e o governo. Uma vez aprovado, espera-se um rascunho de cerca de US$ 7,5 bilhões para a Argentina. Deve-se entender que, antes de tomar a decisão final, a diretoria vai querer ouvir a opinião da equipe para ter em primeira mão uma descrição muito mais precisa do cenário presente e futuro.

Fonte: Ámbito

Imagem: Noticias Argentinas

R. dos Andradas, 1995 - Santo Antônio
Uruguaiana - RS - Brasil
Cep: 97502-360
abti@abti.org.br

logoBoto

Siga-nos

1.png 2.png 3.png 4.png 

+55 55 3413.2828
+55 55 3413.1792
+55 55 3413.2258
+55 55 3413.2004